Head de Finanças fala sobre gestão financeira da startup com a Conta Simples e desafios da internacionalização
RAIO-X: Rentbrella
● Setor: Inovação
● Tamanho: 50-100 funcionários
● Rodadas de investimento: U$7MM
● Stack financeiro: Conta Azul, Xero e Conta Simples
Quem acompanha o noticiário financeiro deve ter visto que a Rentbrella começou o ano com o pé direito ao desembarcar em Nova Iorque.
Inspirada no modelo de compartilhamento, a startup brasileira trabalha com um serviço bastante inovador, que funciona basicamente assim: você baixa o aplicativo, verifica a estação mais próxima que tenha uma máquina com os guarda-chuvas, retira o guarda-chuva, utiliza-o para se proteger do sol ou da chuva e devolve em qualquer máquina que esteja perto de você.
A ideia do negócio surgiu em um dia chuvoso de São Paulo, quando um dos sócios, Nathan Janovich, saía do metrô sem contar com a proteção de um guarda-chuva. “Ele olhou para o lado de fora e viu uma pessoa andando de bicicleta, aquelas compartilhadas, e pensou: se hoje temos como compartilhar uma bicicleta, por que não conseguimos compartilhar um guarda-chuva?”, conta o head de Finanças da empresa, Guilherme Pereira.
Em seguida, ele ligou para Freddy Marcos, um grande amigo e hoje sócio da Rentbrella, que topou logo de cara encarar esse desafio. Tudo aconteceu em meados de 2016, e a maior dificuldade no começo foi tirar a ideia do papel, porque outras empresas que tentaram fazer isso não deram certo.
“O nosso modelo de compartilhamento é completamente diferente do que foi feito em outros lugares, em que o usuário não tinha um local fixo para devolver o guarda-chuva. Temos locais fixos de devolução, e os números de perdas são extremamente baixos”, destaca Guilherme.
“Era um desafio muito grande no início porque não existia referência. Tudo tinha que ser criado do zero. Fomos atrás de desenvolver o protótipo, validamos, fizemos melhorias e chegamos ao produto final que hoje está nas ruas. Começamos na região da Av. Paulista, e à medida que os usuários foram gostando, vimos que o projeto estava dando certo”, lembra.
O sucesso também despertou o interesse de patrocinadores. O primeiro patrocinador master foi a Unimed, que possibilitou o crescimento do serviço pela cidade toda e não só na Paulista. “No Brasil, já temos quase 400 estações, e a tendência agora é que a gente consiga crescer ainda mais”, destaca o head de Finanças.
As primeiras 24 horas de uso do guarda-chuva da Rentbrella são gratuitas. A grande maioria dos usuários, em torno de 98%, devolve o guarda-chuva dentro desse período. Caso essa devolução não ocorra em 24 horas, existe uma multa de R$2,00. Depois de 72 horas, o usuário pode ficar com o guarda-chuva, e será debitado o valor dele no cartão de crédito em que foi feito o cadastro no aplicativo, como se ele tivesse comprando o guarda-chuva.
“Para o usuário, é bom porque ele não precisa pagar nada e se protege da chuva. Para a empresa, também é positivo porque quanto mais usuários utilizarem os serviços, mais ela consegue oferecer e ter sua proposta de valor firmada como um parceiro. Os anunciantes também aparecem de uma forma inovadora, em um compartilhamento em que todo mundo sai ganhando”, completa.
Depois que a operação em São Paulo estava bem estruturada, em torno de 350 estações na época, veio a expansão. “Muita gente por aí pode se perguntar: por que ela não aconteceu dentro do Brasil primeiro? Percebemos que expandir para fora do Brasil ou dentro do país teria um esforço muito parecido. Porém, a receita em dólar seria muito melhor”, brinca Guilherme.
A expansão para NY também seguiu pelo fato de a empresa acreditar que a cidade oferece um dos melhores ambientes possíveis para o produto: número elevado de prédios e de população economicamente ativa; bom nível de chuva; um dos mercados de mídia Out of Home (OOH) mais aquecidos do mundo e uma vitrine relevante para que o resto do mundo veja o case.
Assim, uma nova rodada de investimentos foi realizada para conseguir mais máquinas e exportá-las para Nova Iorque. “Hoje, estamos operando com 35 máquinas nas principais regiões de Manhattan e Brooklin, e o objetivo é chegar a 100 em pouco tempo. Temos mais dois containers a caminho de NY com mais estações. A partir do primeiro semestre de 2022, começamos a abertura de uma nova praça em Londres. Em breve, os londrinos também vão parar de tomar chuva”, comemora.
De acordo com ele, novos projetos com grandes players também vêm mostrando muito potencial para a startup. “Conseguimos desenvolver novas soluções e ao mesmo tempo expandir o nosso business de uma forma escalável. Estamos muito ansiosos para este ano e temos certeza de que sairemos dele melhor do que entramos.”
As fontes de receita também são inovadoras, segundo o head de Finanças. Uma delas é a publicidade estampada nos próprios guarda-chuvas. Outra diz respeito ao desenvolvimento de tecnologias e novos projetos. “Grandes empresas como a Coca-Cola, por exemplo, vieram até a gente olhando para o nosso potencial de execução de tecnologia e inovação. Desenvolvemos máquinas de coleta de garrafas retornáveis (para a Coca-Cola) que já estão operando ao redor de São Paulo. Enxergamos a Rentbrella além do compartilhamento de guarda-chuvas. Esse é um orgulho muito grande de ter essa equipe forte de engenharia e inovação.”
Mais estratégia e escalabilidade
Deu para perceber que a Rentbrella já ganhou um escala global em pouco tempo e já começa a ganhar outras proporções, certo? As equipes estão espalhadas pelo mundo. Uma parte em São Paulo (virtual e presencialmente), outra em São Carlos, interior paulista, onde está a fábrica que produz as estações dos guarda-chuvas, e outra em Nova Iorque. “Hoje, temos um quadro em torno de 70 funcionários, e a tendência desse ano é continuar crescendo com novos projetos e a nova unidade em Londres”, confirma Guilherme.
No financeiro, Pereira lidera outras duas pessoas. “Entrei para ajudar a estruturar a área financeira junto com o Freddy (um dos founders). Trata-se de uma estrutura enxuta em termos de equipe e processos, com a ideia de ser o mais ágil possível. Sabemos que, para se ter uma empresa inovadora, não podemos burocratizar e criar processos muito lentos.”
O grande desafio acaba sendo equilibrar essa balança entre burocracia necessária para conseguir realizar todas as tarefas e responsabilidades do financeiro e, ao mesmo tempo, ser ágil e bem flexível com os diferentes stakeholders da empresa. “Agora, com a expansão internacional e os novos projetos, temos que ter um olhar ainda mais estratégico da empresa”, explica.
Atualmente, o departamento é dividido em Contas a Pagar e Contas a Receber. “Em Contas a Pagar, temos algo mais complexo com uma operação internacional, várias empresas, várias moedas e a parte fabril, que demanda a compra de matéria-prima e equipamentos. O segredo acaba sendo a conexão com a área de Compras e ter um processo escalável, que não seja burocrático para o usuário final que está solicitando e para a gente, sendo o mais automatizado possível”, analisa Guilherme.
“Os desafios estão começando a surgir em relação a como a gente escala globalmente, tem uma visão geral da empresa e um financeiro que consegue suportar esse crescimento de uma forma enxuta e que não precise ter equipes locais muito grandes para conseguir tocar os trabalhos”, complementa.
Facilidade, agilidade e visibilidade com foco no cliente
A Conta Simples surgiu na rotina da Rentbrella muito de conversas do Guilherme com outros empreendedores e profissionais da área. “Durante um período, falei com muitos CFOs de outras startups para entender como eles estruturam suas áreas, e muitos deles me indicaram a Conta Simples por não ser burocrática, ser ágil e feita para startups. Fizemos um piloto, testamos e estamos usando desde então”, relata.
“O que levou a gente a usar a Conta Simples foi sua proposta de valor como um todo. À medida em que a empresa vai crescendo e tendo suas necessidades de pagamento e automação, sempre temos que buscar a ferramenta que melhor vai nos atender. Hoje, o que admiro muito na Conta Simples é como ela vem inovando e buscando ouvir o empreendedor para entender quais são suas necessidades e conseguir moldar o serviço para o que os clientes realmente precisam. É assim que a Rentbrella também construiu seu produto: ouvindo e entendendo o cliente”, ressalta Guilherme.
Basicamente, todos os departamentos da startup possuem um cartão. São seis cartões físicos e o restante virtuais. “Separei os cartões, especialmente os virtuais, por centros de custo. Isso agiliza muito a conciliação, porque já sei quem eu preciso cobrar e quem está gastando o que. Com os cartões físicos, consigo identificar quem está com eles. Tendo essa visibilidade, facilita muito a gestão. Quando as áreas têm seus próprios cartões, isso traz visibilidade para eles do que está sendo gasto. Antes, elas não tinham essa noção. Hoje, sabem exatamente o que estão gastando”, ressalta Guilherme.
“A Conta Simples ajudou a gestão financeira da empresa em termos de agilidade, especialmente com a centralização de gastos nos cartões. Foi muito importante ter essa visibilidade e conseguir acompanhar os gastos do dia a dia. Outra coisa é a agilidade de conseguir subir um pagamento pelo celular, de uma maneira rápida e fácil”, conclui o head de Finanças.