Quando o assunto é empreendedorismo feminino, é possível notar que as mulheres se encontram pouco representadas no ecossistema de inovação. Segundo dados do Female Founders Report, um estudo feito pela Distrito em parceria com a Endeavor e B2Mamy em 2021, apenas 9,4% das scale-ups são fundadas exclusivamente por mulheres e apenas 1,4% são cofundadas por elas. Ou seja, no panorama geral do mercado brasileiro a imensa maioria das scale-ups é composta por homens.
Apesar dessa pequena representatividade, a notícia boa é que esse cenário vem mudando ao longo dos anos. Até 2010, por exemplo, as iniciativas focadas em desenvolver o ecossistema de empreendedorismo foram surgindo aos poucos e ganhando velocidade. “Ainda falamos sob a perspectiva de um ecossistema de inovação muito jovem. Hoje, sabemos que demora, em média, oito anos para uma empresa tornar-se um unicórnio”, lembra Maria Fernanda Musa, diretora de Aceleração de Negócios na Endeavor.
Outro dado interessante desse mesmo estudo é que temos 47,2% de empresas com sócias mulheres e 66% com fundadoras mulheres apenas nos últimos cinco anos, o que contribui ainda com a pouca visibilidade feminina em posições de destaque no mercado brasileiro. “Acreditamos que com acesso a capital, conhecimento e conexões em rede é questão de tempo para vermos esse ponteiro se movimentar a favor de mais equidade de gênero no ecossistema”, afirma Musa.
Quais são as maiores barreiras para o empreendedorismo feminino?
Diante de tal configuração, um questionamento muito pertinente acaba sendo: mas, afinal, quais são as maiores barreiras para que o empreendedorismo feminino tenha seu espaço? A resposta para essa pergunta pode ser resumida ao desafio do acesso a capital.
“Startups fundadas exclusivamente por mulheres correspondem a 4,7% do ecossistema, porém apenas receberam 0,04% do total de capital de risco investido no país em 2020. Além disso, em todos os estágios de investimento, os tickets médios para mulheres são inferiores aos recebidos pelos homens”, ressalta a diretora de Aceleração de Negócios na Endeavor.
A questão da falta de diversidade também fica evidente, de acordo com Musa. “Atualmente, a maioria das empreendedoras no país são brancas, heterossexuais e possuem escolaridade alta (76% das mulheres entrevistadas se identificam como brancas e 87,5% são heterossexuais). Por isso, é importante que todos ajam de maneira intencional para construir um ecossistema mais diverso e inclusivo.”
O que pode ajudar na mudança de cenário
Para trabalhar justamente essa mudança de realidade, algumas iniciativas têm refletido esse apoio a mulheres. “No Scale-Up Endeavor em 2021, por exemplo, subimos de 18% para 27% o número de mulheres fundadoras e cofundadoras sendo aceleradas em nosso programa. Esse é um percentual maior do que o observado no ecossistema (9,4%), e nossa expectativa é chegar até o final de 2022 com ⅓ do nosso portfólio composto por empresas com pelo menos uma mulher no quadro fundador”, explica Maria Fernanda.
Além disso, a aceleradora promove ações de letramento, divulgação de cases e boas práticas em sua rede, com o objetivo de proporcionar ainda mais conhecimento para que empreendedores e empreendedoras possam aprender com quem já fez.
“Um dos direcionadores estratégicos da Endeavor para os próximos anos é ajudar a construir um ecossistema mais diverso e inclusivo. Para isso, temos a ambição de chegar em 2025 com 40% de representatividade de gênero e raça em todos os nossos públicos. Isso inclui: time e cargos de liderança, mentoras, mentores, embaixadoras, embaixadores, empreendedoras e empreendedores acelerados”, ressalta a especialista.
“Quanto mais exemplos de mulheres empreendedoras tivermos no Brasil, mais mulheres acreditarão que isso é possível e aí seguirão o mesmo caminho. Esse é o poder do exemplo se manifestando na prática”, conclui a diretora.
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