Quem está envolvido no mundo dos negócios já deve ter ouvido bastante sobre ESG, uma sigla que vem ganhando cada vez mais espaço dentro das discussões dos times financeiros.
Ela significa environmental, social and governance, ou, em português, “ambiental, social e governança” e expressa três aspectos que os fundos de investimento e os investidores começaram a ficar de olho na hora de decidir os destinos de novas aplicações de capital.
A seguir, você pode conferir mais informações sobre o que é ESG e como as empresas e os fundos têm encarado quem coloca isso em prática.
O que é ESG?
ESG é uma sigla em inglês que denomina questões voltadas para as áreas “ambiental, social e governança” que é indicada pelas palavras environmental, social and governance.
O termo é utilizado para dizer o quanto uma empresa se preocupa em adotar melhores práticas e atuar de uma forma sustentável, atentando-se para danos ao meio ambiente, problemas sociais e governança corporativa.
A ideia que se segue é basicamente a seguinte: o investidor não olha somente para os números quando está avaliando a possibilidade de levar seu dinheiro para determinado negócio. Ele também analisa e dá valor para empresas que possuem, por exemplo, iniciativas voltadas para redução de emissão de carbono, do aquecimento global, da poluição e da economia de recursos com a água, trabalhos focados em melhorias de uma comunidade local e com uma conduta corporativa correta.
Por que o ESG ganhou esse espaço?
Sabe aquela coisa de olhar com outros olhos empresas que respeitam o meio ambiente e as pessoas e que seguem uma conduta ética na gestão? Então, não são só os consumidores que gostam disso, mas os investidores também.
Segundo Carolina Strobel, sócia operacional da Redpoint eVentures, um dos fundos de venture capital nacionais mais valorizados do mercado (e que possui em seu portfólio startups como Gympass, Rappi, Pipefy e Creditas), pensar em ESG é uma questão de sobrevivência de empresa.
“Todo CFO tem que olhar para isso. Não vejo nenhuma empresa mantendo o modelo de negócio sem olhar para ESG. O mercado valoriza essas ações e entende que elas são importantes pelo benefício que trazem à comunidade, ao ecossistema como um todo e à própria empresa. São negócios mais sustentáveis a longo prazo. Todo CFO deveria se preocupar com isso. Não tenho a menor dúvida”, esclarece Strobel.
“O CFO está acostumado a cumprir com determinadas exigências de estrutura de capital. Eu não me surpreenderia se exigências de ESG começassem a surgir por determinadas entidades. Isso é uma tendência enorme. O mercado em geral olha para ESG como um grande ponto de inflexão na balança e realmente será para essas empresas que estão começando a ter esse olhar mais para o todo, mais holístico”, completa.
Isso acaba sendo um consenso também entre os profissionais que lidam diretamente com o tema. “Cada vez mais, a sustentabilidade tem deixado de ser um diferencial para se tornar uma condição. Isso porque, além de gerar um impacto positivo na sociedade como um todo, estudos mostram que cuidar de questões sociais, ambientais e de governança gera um impacto positivo nos negócios”, afirma Julia Piccolomini, líder de Diversidade e Inclusão na Hash, focada em serviços de pagamentos.
“É fundamental que toda a organização esteja envolvida com o tema, principalmente o RH que tem a grande missão de fazer com que a organização se conscientize sobre o tema, e os líderes que devem ser exemplos”, lembra Julia.
O que dizem as pesquisas
Essa realidade vivida atualmente também pode ser expressa em números. Uma pesquisa feita recentemente pela consultoria EY mostra que mais de 90% dos investidores entrevistados afirmam que uma performance não financeira teve peso no processo de decisão dos investimentos avaliados.
Tiago Soares, gerente executivo de Sustentabilidade e Brand Experience no Banco BV, reforçou essa importância no Fintech Summit 2021 (evento promovido pela Distrito) e ainda acrescentou: “Primeiro, é preciso olhar para dentro e ver o que faz sentido para a empresa. A partir disso, é possível criar iniciativas alinhadas com o ESG. Sem dúvida, praticar o ESG é fundamental até pela valorização da empresa, inclusive na Bolsa de Valores”.
Nesse mesmo bate-papo, Fabio Carrara, founder e CEO da Solfácil, defendeu que os investimentos vão exigir uma ponta de ESG, carro chefe que vai puxar tudo dentro das empresas. “As pessoas vão colocar o dinheiro delas onde já integram esses aspectos”, alerta Carrara.
Como implementar ESG na prática
Muitas empresas podem ter consciência da importância do ESG, mas, na hora de colocar em prática, não sabem como começar.
Por isso, listamos a seguir algumas iniciativas de cada uma das áreas desse conceito que podem dar uma clareada nisso e ser implementadas como primeiros passos:
Ambiental
- Utilizar embalagens recicláveis ou com menos plástico;
- Separar o lixo reciclável e destinar corretamente esses resíduos;
- Reduzir o uso de papel, priorizando a digitalização;
- Diminuir o consumo de água e energia elétrica nas sedes da empresa;
- Utilizar energias como a eólica e a solar, que não poluem o meio ambiente.
Social
- Realizar projetos sociais com a comunidade local;
- Apoiar e promover eventos culturais e sociais;
- Dar oportunidade para que as mulheres consigam conciliar carreira e maternidade, com um ambiente propício para isso;
- Respeitar a diversidade da equipe.
Governança
- Relacionar-se com fornecedores e colaboradores terceirizados íntegros e éticos;
- Informar de maneira clara a hierarquia da empresa;
- Ser transparente nas informações passadas tanto para o público interno quanto externo;
- Cuidar para que haja tratamento igual para todos que trabalham na empresa, sem preferências ou preconceitos;
- Praticar a chamada prestação de contas (accountability), dando clareza sobre as finanças e mostrando quais são os papéis, atividades e consequências das ações.
Atualmente, a B3 (Bolsa de Valores brasileira) possui sete índices ESG. Eles contam com metodologias que não só ajudam a selecionar empresas para formarem as carteiras, mas também trazem um panorama do mercado. Dessa forma, reúnem-se as empresas que se enquadram em determinados padrões e mostra-se para o investidor quem são essas companhias de maneira consolidada.