A realidade de fusões e aquisições de empresas revela grandes desafios em termos de equipe. Com a incorporação de novas pessoas nos times, a tarefa de integração acaba sendo uma etapa importante do processo e merece atenção dos líderes.
No caso da Rock Content, maior empresa de Marketing de Conteúdo da América Latina e referência em Marketing Digital no Brasil, isso foi uma prioridade quando ela adquiriu a norte-americana ScribbleLive.
A companhia mineira, seguindo uma estratégia de expansão (em 2017, com um escritório em Guadalajara, México; no ano seguinte com a aquisição da iClips, empresa de Juiz de Fora; e em 2019, com a compra da ScribbleLive e a presença em Boca Ratón, na Flórida e em Toronto, no Canadá), passou a lidar com times multiculturais e a se adaptar ao fato de ter se transformado em uma empresa global.
Para que isso se tornasse realidade, muito planejamento e aprendizado estiveram em jogo. Renato Badaró Guerra, que ocupa a posição de CFO há dois anos na empresa, esteve à frente dessa última aquisição e afirma ter aprendido lições valiosas com a experiência.
“Antes de qualquer coisa, duas coisas precisam ficar bem claras para um CFO que está passando por um processo de fusão e aquisição: é preciso ter convicção na transação, com a ideia de que isso faz sentido para a companhia, e entender a importância da integração da empresa adquirida de ponta a ponta”, lembra Renato.
O caminho das pedras para os times financeiros
Esse cenário de fusões e aquisições traz algumas análises interessantes sob o ponto de vista de quem lidera o financeiro, principalmente no que diz respeito a pessoas.
A diferença que enriquece
Pode parecer óbvio, mas muitas empresas que passam por fusões e aquisições se esquecem de que a integração das nacionalidades também faz parte do processo. Ter isso em mente ajuda a entender que o trabalho vai precisar contar com essa consciência de diferença de comportamentos e até mesmo de métodos de trabalho. “A gente queria usar o melhor dos dois mundos e garantir que a gente estava criando a melhor mistura para fazer o negócio funcionar”, destaca Renato.
O global e o local se encontram
Outro desafio vivenciado nessa situação é a criação de processos globais que são adaptáveis a realidades locais. “Quando falamos de contas a receber, por exemplo, é impossível ter um processo global porque os países operam de formas diferentes [o jeito que a gente faz contas a receber no Brasil é muito diferente do que é feito nos Estados Unidos. No Brasil, somos muito mais desenvolvidos]. A grande questão é estabelecer uma política global, mas com habilidades e customizações locais para que a gente se adapte à necessidade de cada país”, reforça Renato.
A cultura organizacional atualizada
A cultura organizacional também passa por transformações em processos de aquisição. “Essa última aquisição também exigiu que a Rock se adaptasse. Deixamos de ser uma empresa nacional brasileira, para ser uma empresa global. Hoje, operamos em inglês como primeira língua, e isso demandou um movimento enorme do nosso time de adaptação. Isso exigiu dos rockers [como os funcionários da companhia são conhecidos] um perfil diferente. Era uma nova Rock surgindo. Por outro lado, a empresa adquirida também precisou vivenciar uma adaptação de cultura. Como ela já tinha passado por muitas aquisições anteriormente, isso fez com que se criassem tribos dentro da companhia. A gente sabia que o banho de cultura tinha que ser feito, mas com calma. E todo mundo estava muito aberto para isso. Pouco a pouco, fomos conquistando essa integração”, lembra o líder financeiro.
O objetivo: eliminar distâncias
Como as equipes se encontram em diferentes países, as ferramentas tecnológicas de trabalho remoto se tornaram as melhores alternativas para eliminar a distância e construir relacionamento, segundo o CFO. “Fizemos alguns encontros presenciais para integrar o time e facilitar a integração, mas, a maior parte do tempo adotamos o trabalho remoto. A digitalização foi acelerada por conta do coronavírus, e tivemos que aprender a usar ferramentas de videoconferência rapidamente. Como uma empresa global, a gente acredita no trabalho remoto, mas ainda teremos os escritórios para interação na medida do possível.”
As lições que ficaram das fusões e aquisições
Depois de passar por tudo isso, o resultado que fica evidente é mesmo de muitas lições aprendidas. “O que ficou desse tipo de experiência foi de muito aprendizado, e isso certamente vai nos ajudar em futuros negócios. Aprendemos a lidar com um mercado totalmente novo e que trazia muitas particularidades”, completa o CFO.
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