De acordo com uma pesquisa feita pela consultoria Spencer Stuart (Brasil Board Index 2021), atualmente, as mulheres ocupam 14,3% das cadeiras em Conselhos de Administração no Brasil.
Esse número reflete um aumento em relação ao ano de 2020, em que a participação feminina era de 11,5%, e reforça que o envolvimento das mulheres em conselhos está mudando, já que, em 2021, o salto foi de 12,8% para 19% de novas conselheiras.
Ainda que não seja a realidade ideal, o importante é perceber que esse cenário vem se transformando ao longo dos anos e mostrando a relevância da diversidade dentro das organizações.
Magali Leite, CFO, conselheira de Administração e conselheira fiscal, faz parte desse grupo de mulheres que vem trilhando esse caminho. “Em 2015, eu estava trabalhando em uma companhia de capital aberto e refletindo muito sobre o papel do conselho, achando que eu poderia seguir uma atuação diferente e tirei um ano sabático para estudar e me transformar em conselheira de administração. Desde essa época, concilio a carreira de CFO com a de conselheira”, conta a executiva de finanças.
Além disso, Magali é vice-presidente do IBEF Conecta-Mulher, do IBEF (Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças), iniciativa que tem como objetivo aumentar a diversidade, incentivando a integração entre gêneros no ambiente de negócios. “Fazemos de tudo para ajudar a aumentar a quantidade de mulheres na carreira de finanças e atrair jovens para essa área”, destaca.
A líder financeira afirma que vem de uma época de carreira em que ela era a única mulher em todos os fóruns. “Já lidei com muita situação difícil, de preconceito, de discriminação. Com o tempo, fui aprendendo a me defender e a ajudar outras mulheres que viveram a mesma situação. Acredito muito que essa questão da sororidade de verdade entre as mulheres talvez seja um caminho que a gente precise reforçar”, revela.
Segundo a líder financeira e conselheira, em São Paulo, vive-se um mundo privilegiado de mercado de trabalho e de oportunidades, mas, ainda assim, hoje as mulheres são muito sub-representadas, tanto nas posições executivas quanto nas de conselhos. “Isso é um pouco do meu trabalho do dia a dia para ajudar a diminuir esse gap que a gente ainda encontra. Acho que de certa maneira as mulheres ainda estão buscando se situar nesse contexto e se organizar para evoluir. Ainda é um processo muito de tentativa e erro. Não tem muita cartilha para isso. Vivemos em um mundo muito masculino na área corporativa”, explica Magali.
Outro ponto que ela também ressalta é de que há evidências comprovadas de que a diversidade aumenta a qualidade dos resultados. “Isso é fundamental de estar entranhado na cultura da organização. É uma forma de a gente deixar um legado de mais qualidade para as próximas gerações profissionais. Precisamos ir construindo isso desde já. E esse papel não adianta achar que alguém vá fazer por nós. Cada um tem um pedacinho dessa responsabilidade.”
“O papel de um conselho é ajudar a escolher as principais cadeiras de uma instituição. É cuidar da estratégia, olhar para o mercado e verificar o que está faltando para dar o próximo passo do negócio. Para ser bem-sucedida, a atuação de um CFO em um conselho precisa ultrapassar muito o que se sabe enquanto CFO. Talvez, esse seja o maior diferencial que a gente precisa construir para chegar a uma cadeira de conselho.” Magali Leite, CFO, conselheira de Administração e conselheira fiscal
Conselhos para mulheres que desejam ocupar a cadeira de CFO
Como Magali também é CFO, ela também deixa algumas dicas para quem pretende ocupar essa cadeira dentro das organizações. Confira os conselhos dela a seguir:
- mantenha-se atualizada e em constante aprimoramento, buscando sempre o estudo de questões técnicas. “O que eu costumo dizer para as mulheres é isso: a parte técnica precisa ser desenvolvida a ponto de não ser questionável.”;
- aprenda a fazer networking. “Procure evoluir o seu círculo de relacionamento ao longo da carreira à medida que você vai amadurecendo, aumentando a experiência e o seu grau de conhecimento de pessoas influentes.” ;
- busque mentores. “Isso ajuda a buscar uma rota, a repensar os seus planos e a verificar se os seus caminhos estão coerentes e alinhados ao seu perfil.”;
- tenha um planejamento de carreira. “É sempre bom ter isso de uma forma bastante disciplinada e sempre se organizar para o próximo passo, construindo o que precisa ser feito para alcançar novas posições.”;
- cuide do desenvolvimento de suas soft skills. “O financeiro tende a ser mais duro porque a gente aborda as questões mais difíceis, então cuidar da inteligência emocional é muito importante também.”