O recrutamento de times financeiros envolve diversos desafios já que a estruturação da área é, muitas vezes, estratégica para a empresa e para as relações mantidas com os investidores.
Algumas discussões têm ganhado destaque nos últimos tempos, principalmente em relação à configuração desse tipo de equipe, seja pelas habilidades e competências necessárias buscadas nos profissionais ou até mesmo pela própria composição, dando mais espaço para a diversidade e a inclusão.
Entre construir um time e fechar uma rodada de investimento, o fato é que se trata de uma questão importante e que nem sempre recebe a devida atenção. Por isso, a Conta Simples reuniu alguns pontos defendidos por especialistas que podem ajudar a refletir melhor sobre o assunto na hora das contratações.
Competências dos times financeiros
Antes mesmo de discutir o recrutamento em si, é importante lembrar quais são as principais competências almejadas nos times financeiros.
Segundo Ronaldo Severino, Partner/CFO da Suno United Creators, essas capacidades podem ser resumidas em dois pontos fundamentais:
- Flexibilidade para lidar com as questões do dia a dia;
- Parceria com outros departamentos, entendendo necessidades diversas e funcionamento das áreas.
Assim, fica fácil perceber que as contratações devem seguir buscando pessoas com perfis alinhados com isso e que contribuam para o desenvolvimento desses aspectos dentro do time.
Um questão de cultura
Outra coisa que deve ser levada em consideração na hora do recrutamento de times financeiros é justamente se existe compatibilidade com a cultura da empresa. No iFood, por exemplo, essa questão é muito forte no processo de contratação.
“Quando dizemos que somos uma empresa inovadora, usamos a seguinte frase: as coisas vão mudar o tempo todo. Inovar é testar e não sofrer. Quando os dados mostram que não alcançamos os resultados, a gente ajusta a rota e não se importa com o seu desejo pessoal. Eu falo isso na entrevista, porque as pessoas podem não lidar bem com isso”, explica Diego Barreto, CFO da empresa.
“Prefiro ter um engenheiro que não trabalhe na Nasa, mas tenha um ótimo comportamento. Porque eu preciso de agilidade na empresa. Preciso de descentralização de poder, de empreendedorismo, inovação”, completa Diego, reforçando a importância da sinceridade e do alinhamento em relação à cultura organizacional na hora de recrutar.
Uma questão de necessidade
Se a análise recair ainda sobre questões comportamentais, a Nuvemshop, outra gigante que não para de crescer, também mostra que as soft skills têm seu peso.
“À medida que a gente vai ganhando clareza do momento da empresa, a gente passa muito isso no momento do recrutamento para que de fato se atraia pessoas que estejam afim de construir, que entendam que é um processo de crescimento rápido, que muitas vezes a gente vai deixar de fazer da forma como você idealizou mas precisa entregar de algum jeito”, lembra Tatiana Rezende, CFO da Nuvemshop.
“Recrutamento é sempre um grande desafio para a empresa como um todo e, para o time financeiro, não é diferente. Recrutamento de talentos de tecnologia é um grande desafio para o mundo inteiro, e mais ainda para países emergentes e para o Brasil”, afirma Tatiana.
Como um gestor financeiro monta o time ideal
Atualmente, existe um consenso entre os especialistas da área de que a montagem de um time financeiro deve estar de acordo com o momento da empresa.
“Quando se está no início de uma startup, nem sempre é possível se dar ao luxo de ter aquilo que é preciso ter. Então, acaba-se fazendo uma mescla: o pessoal da tesouraria faz um pouco de faturamento, a controladoria faz um pouco de contabilidade e assim por diante”, destaca o CFO da Suno.
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Carolina Strobel, da Redpoint eVentures, assegura: “o papel do CFO é hands on”
“Mas, se a empresa já atingiu um certo tempo de existência, há algumas áreas que precisam ser muito bem cobertas, como controladoria (para dar os inputs necessários para os processos de decisão), contabilidade (para registrar todas as movimentações e a parte de impostos) e tesouraria (para se ter uma visão do fluxo de caixa). Estimo que para isso sejam necessárias umas sete ou oito pessoas. Para mim, esse é um time que não dá para abrir mão”, completa Ronaldo.
Assim, é possível entender que profissionais com skills desenvolvidas nessas áreas podem se tornar mais visados e se destacar no mercado quando existe a necessidade de se ter uma equipe mais reduzida.
Habilidades mais demandadas dos profissionais de finanças
Técnicas | Comportamentais |
Automatização de processos | Flexibilidade |
Excel e BI | Adaptabilidade |
Modelagem financeira e valuation | Dinamismo |
ERP de mercado | Resiliência |
Comunicação |
Resumindo
Deu para perceber que o recrutamento de times financeiros envolve uma série de fatores, certo? Quem lidera esses departamentos, aponta algumas características profissionais que chamam atenção como:
- alinhamento com a cultura da empresa;
- conhecimentos nas áreas de contabilidade, controladoria e tesouraria;
- flexibilidade para desenvolver os trabalhos;
- facilidade de entender necessidades de outras áreas;
- compreensão para lidar com crescimento rápido.
De acordo com o levantamento feito pela Robert Half, consultoria de Recursos Humanos, existe um aquecimento no mercado, mas isso também aumenta o nível de exigência na contratação. Conhecimentos em tecnologia, valuation e automatização de processos também são habilidades muito valorizadas, assim como resiliência e boa comunicação.
E você? O que prioriza no recrutamento de times financeiros?