Sabe aquela pessoa que te inspira? Que adota uma postura profissional com a qual você se identifica e que te impulsiona, proporcionando um delta de crescimento que nem mesmo você sabia que poderia alcançar? O W-CFO Brazil está cheio de mulheres assim e que apoiam mulheres na área de finanças em programas de mentoria para que elas atinjam seus objetivos de carreira.
O grupo foi oficialmente fundado em julho de 2020 com o objetivo de contribuir para aumentar a participação feminina na liderança das empresas. “Recebemos 150 inscrições e éramos apenas 30 executivas de finanças inicialmente. Em um ano, dobramos de tamanho. Chegamos em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no sul do país e percebemos que cada vez mais há mais mulheres com a gente. Estamos na segunda turma de mentoria, com mais de 50 mulheres mentoradas”, conta Stânia Moraes, uma de suas fundadoras e CFO da Ciena Brazil.
Em relação aos impactos gerados com esse trabalho, a líder financeira comemora: “É interessante como as pessoas nos procuram para fazer parcerias e dar visibilidade ao grupo para alcançar ainda mais mulheres. É muito gratificante, e não temos dimensão de quantas pessoas podemos atingir. Tem sido um movimento bem bacana e bem consistente, em que estamos conseguindo mostrar onde estamos e onde podemos estar.”
Diversidade no mercado de trabalho
Todos esses pontos levantados pelo W-CFO Brazil esbarram em uma questão que vem ganhando espaço no mercado de trabalho nos últimos anos: a da diversidade de gênero na ocupação de cargos de liderança.
“A nossa área é extremamente masculina, mas percebo que as empresas têm tido essa preocupação de aumentar as oportunidades para as mulheres. Fizemos um trabalho mundial na Ciena, por exemplo, com palestras nas escolas, e a receptividade do público feminino foi muito interessante. Trata-se de um trabalho de base, que busca incentivar desde cedo as mulheres a seguirem carreiras que são predominantemente ocupadas pelos homens”, explica Stânia.
A justificativa para esse destaque também pode estar em qualidades que as mulheres dominam. “A carreira de CFO é uma carreira que exige muito da gente. Acho que a mulher tem se destacado, porque trouxemos um pouco de leveza para essa posição, um olhar feminino que possibilitou falar o não de uma forma mais leve. Não temos tanto a robustez e a frieza que a posição exige. Essa nossa acessibilidade maior também nos diferencia”, lembra a líder financeira.
Conselhos para futuras CFOs
O primeiro conselho de Stânia para futuras CFOs é ser persistente e não desistir. “É muito gratificante trabalhar com aquilo que a gente se identifica, com aquilo que a gente gosta e tem prazer de fazer. Muitas mulheres acabam desistindo de seus sonhos, porque encontram muitas dificuldades, principalmente ao construírem uma família. Às vezes, não é possível encontrar quem ajude, ou quem compreenda na hora em que você vai precisar se ausentar”, acrescenta Stânia.
Outra coisa que a CFO recomenda é estudar muito. “Quanto mais a gente estuda e procura entender o seu trabalho, maior é a sua capacidade de trazer soluções para possíveis problemas e transformar o não em possibilidade”, ressalta.
Por fim, Stânia afirma que tratar bem as pessoas também é muito importante. “É preciso lembrar que a equipe é formada por pessoas que precisam muito de apoio, por isso, ser aquele líder mais apoiador, que incentiva e motiva é fundamental.”
“O nosso trabalho é um trabalho muito sério e é um trabalho que pode prejudicar a empresa se feito da maneira errada. Então, temos que ter um conhecimento muito grande e bem embasado, construir isso com uma equipe mais humanizada e que possa sempre estar motivada a fazer o certo”, completa.
Perfil de uma líder inspiradora
Um ponto curioso da trajetória profissional de Stânia é que ela começou sua carreira no magistério. “Paguei os meus estudos da faculdade trabalhando como professora. Isso me deu a possibilidade de ser contadora. Sou mineira e me formei na PUC (Pontifícia Universidade Católica)”, relata.
Na área de finanças, começou a trabalhar em uma pequena cidade do Pará, acompanhando o marido que, na época, havia sido transferido. “Foi o meu primeiro emprego. Seis meses depois, fui promovida para gerenciar a contabilidade da empresa. Eu tinha 24 anos. Foi uma verdadeira escola.”
Stânia também teve um período em que abriu mão da carreira em busca da maternidade. Logo em seguida, depois de alguns percalços da vida, retomou a atividade profissional. Nesse momento, veio a surpresa da gravidez tão desejada. “Quando eu engravidei, meu chefe me disse que isso era uma desgraça. Ele se desculpou, mas, quando voltei da licença, ele me demitiu. O dono da empresa em que eu trabalhava nessa época me pediu para assumir o lugar desse meu chefe, por causa do trabalho que estava desenvolvendo. A partir daí, consegui conciliar a minha carreira e o meu papel de mãe”, reconhece a líder financeira.
Como toda mãe, teve que administrar os desafios dessa jornada. “Certa vez, estava no meio de uma reunião e recebi uma ligação da escola do meu filho. A pessoa me perguntou: quantos dentinhos o Fred tem na frente? Eu só respondi: como é que é? Saí correndo, e a reunião ficou para trás. A sorte foi que sempre tive gestores muito compreensivos. Fui ver o que tinha acontecido, e eles já estavam com meu filho no dentista. O que tinha que ser feito foi feito, mas o susto foi grande! Imagine receber uma ligação dessa e não saber o que tinha acontecido com seu filho”, diz Stânia.
Como toda mãe e profissional, trocou o dia pela noite e teve que se desdobrar para fazer tudo isso acontecer. “Tenho uma grande paixão pelo meu trabalho. Já fiquei mais de 24 horas acordada por ter que cuidar do meu filho durante o dia por ele não estar bem e ir de noite para o escritório, enquanto meu marido me ajudava”, relembra.