Mesmo com o retorno gradual das atividades comerciais em lojas físicas, as vendas on-line continuam quentes no início de 2022. É o que aponta a NeoTrust, empresa de inteligência de mercado focada em e-commerce, que prevê alta de 9% para o setor ao longo deste ano, atingindo um faturamento de R$ 174 bilhões.
Um bom indicativo dessa tendência de crescimento foi o Dia do Consumidor, no último 15 de março, quando o setor de e-commerce faturou R$ 722 milhões. O montante é 22% maior do que o registrado no mesmo período de 2021 e uma prova de que o brasileiro está aproveitando a facilidade de comprar pela internet.
Fonte: NeoTrust
O percentual de evolução das compras on-line previsto para este ano está distante dos índices registrados em 2020 e 2021, quando os efeitos da pandemia da Covid-19 foram severos sobre o comércio de rua e lojas físicas em geral, com longos períodos de fechamento. Dados da NeoTrust apontam faturamento de R$ 161 bilhões nas compras on-line no ano passado, montante 26,9% maior que em 2020 e impressionantes 113,9% acima do valor registrado em 2019.
Ao traçar a tendência de crescimento para 2022, a NeoTrust considera o atual cenário da pandemia, com medidas menos restritas, avanço da vacinação, adaptação das medidas sanitárias nas lojas físicas e restaurantes, entre outros fatores. Para além disso, seguem outros pontos, como os eventos esportivos, eleições e o cenário econômico.
“Em outubro será a eleição presidencial que, segundo pesquisas, será marcada por uma forte polarização. E, como em toda eleição, a partir de julho, as mídias e os institutos vão focar os esforços nesse evento. Outro ponto será a realização da Copa do Mundo que, pela primeira vez na história, será disputada no final do ano, com início previsto na semana da Black Friday, o que poderá impactar as vendas da data mais importante para o e-commerce“, destaca a empresa no relatório de tendências para 2022.
Ponto de atenção para lojistas
Na explicação da gerente de Inteligência da Neotrust, Paulina Dias, apesar da previsão menos expressiva para este ano (se comparada com os dois anos anteriores), um movimento tem sido percebido e será ponto de atenção para empreendedores: o crescimento da participação do e-commerce no universo total de vendas. “Isso será tendência e já foi percebido nos dados de janeiro. O e-commerce tomou um pouco mais de espaço do mercado físico. Ele está crescendo, e o varejo ampliado não está crescendo na mesma proporção”, afirma.
Isso quer dizer, segundo Paulina, que o cliente das compras na internet está de alguma forma “tomando o pedaço do bolo de clientes como um todo”, o que vai exigir movimentação dos lojistas no mercado. “Os sellers que têm loja física e ainda não estão no e-commerce precisam se preocupar e se preparar com ferramentas digitais, porque eles podem perder espaço para quem está nesse canal ou nos dois canais (físico e digital)”, alerta a especialista.
“Quem não está no e-commerce, ou não está preparado para esse canal, vai perder espaço, porque é um canal que mesmo com o retorno presencial vai continuar e está tomando espaço do mercado físico.” Paulina Dias, head de Inteligência da Neotrust
Paulina Dias, head de Inteligência da Neotrust
Novo perfil empreendedor
O gerente de e-commerce e desenvolvimento de plataforma da Nuvemshop no Brasil, Luiz Natal, também defende a consolidação das compras on-line, mesmo após a flexibilização que o comércio físico alcançou. “O e-commerce está hoje, de modo geral, mais maduro e estruturado. Muitos empreendedores já pensam no seu negócio 100% digital e diversos deles começaram dessa forma. Ter a loja on-line, estar em marketplaces e ter engajamento nas redes sociais são estratégias que fazem parte do novo perfil do empreendedor brasileiro”, afirma.
Dados da plataforma mostram que o faturamento das lojas dentro do e-commerce da Nuvemshop cresceu 77% no último ano em relação a 2020. Em 2021, as pequenas e médias empresas faturaram mais de R$2,3 bilhões com as vendas on-line . Se comparado o período de janeiro de 2020 com janeiro de 2022, o crescimento do faturamento das PMEs no on-line foi de 276%. Apenas em 2021, o total de pedidos no e-commerce cresceu mais de 13% (em comparação com 2020).
Divisão do e-commerce por categorias
Em 2021, a categoria com maior número de pedidos on-line foi moda e acessórios, seguida por beleza e perfumaria, saúde, celulares e utensílios domésticos. Já em relação a faturamento, o movimento foi outro: a venda de celulares lidera, seguida de eletrodomésticos, eletrônicos, informática e moda.
Falando em tendência para 2022, estão os setores de alimentos e bebidas. “Essa é uma categoria em que a venda ainda é pequena, mas tem aumentado nos últimos meses e, está crescendo porque as pessoas estão percebendo que dá para comprar tudo ou quase tudo pela internet”, afirma Paulina.