Os indicadores financeiros são ótimos termômetros para avaliar e acompanhar o desempenho de uma empresa. Quem trabalha no financeiro sabe que eles ajudam muito na hora de verificar a saúde de um negócio e tomar decisões mais estratégicas.
Segundo André Gonçalves, CFO da iugu, a gestão dessas métricas é tão relevante que não depende do tamanho da empresa. “Independente do estágio do negócio, mesmo em pequenas empresas que ainda não justifiquem um investimento em sistemas de gestão, é importante nunca abrir mão da gestão de indicadores”, afirma o CFO.
Desde indicadores em um formato mais simples, como uma DRE (Demonstração do Resultado do Exercício) sintética ou um acompanhamento dos balancetes, é preciso fazer um monitoramento de forma frequente e trazer para a gestão da empresa indicadores que vão direcionar as ações e a estratégia do negócio.
“É importante a área de finanças atuar como business partner e sempre estar próxima das áreas de negócio, municiando esses setores de informação e provocando discussões para confirmar a estratégia da companhia”, destaca André.
Outro ponto que merece atenção é ficar de olho e fazer o acompanhamento de receita, da margem do negócio e da liquidez (porque em muitos casos há falta de atenção ao fluxo de caixa). “Muitas vezes, empresas ou startups em estágio inicial precisam muito focar em crescimento, investimento em Marketing e em Vendas, e a área financeira tem que suportar esse crescimento não sendo o gargalo. Por isso, apoiar o desenvolvimento dessas atividades é fundamental”, acrescenta o especialista financeiro.
Indicadores financeiros indispensáveis para qualquer negócio
De acordo com Gonçalves, os indicadores financeiros que são indispensáveis para qualquer tipo de negócio são:
- Acompanhar de perto a evolução dos clientes ativos da companhia;
- Entender o churn (desligamento de clientes) desses clientes e saber se está acontecendo de maneira esperada;
- Observar a receita que esses clientes desconectados representam (entendendo o quanto de receita você está deixando de ter com isso);
- Verificar a receita média dos clientes que estão na sua base para entender se o ticket médio de receita que esses clientes estão gerando também está alinhado com o plano de negócios originalmente montado;
- Acompanhar a receita recorrente gerada no negócio (se isso também está alinhado com a expectativa);
- Olhar a receita safrada, se o negócio tem mais de 12 meses ou dois anos (entender como essas receitas estão contribuindo com o seu negócio, pois a influência da sazonalidade pode ocorrer depois de uma ação tomada pela gestão ou uma campanha que gerou efeito no faturamento ou em um tipo de produto específico);
- Acompanhar o custo de aquisição dos clientes, porque isso define a capacidade de escalar o negócio e saber no longo prazo se está trazendo um retorno adequado – à medida que você tem um custo baixo, isso influencia bastante no retorno que esse cliente ativo pode gerar para a empresa;
- Analisar a margem operacional de longo prazo, porque isso define o valor da companhia no longo prazo – ela é importante na gestão para saber se os custos e as despesas estão alinhados à proposta de plano de negócio que foi estabelecido.
Quando é importante investir em um sistema de gestão?
Para acompanhar todos esses indicadores financeiros, geralmente, o que ajuda muito é utilizar um sistema de gestão financeira.
O momento de passar a usar esse tipo de ferramenta gera muitas dúvidas entre os gestores. “Essa avaliação é importante de acordo com o estágio de maturidade da empresa. Investir em um ERP (Enterprise Resource Planning, ou sistema de gestão integrado) é sempre uma decisão difícil, porque normalmente esses sistemas não são tão baratos e não são acessíveis a qualquer empresa. Isso acaba fazendo com que grande parte da atenção do financeiro seja voltada para essa escolha e tira um pouco o foco da gestão e da direção da empresa para esses projetos”, lembra André.
“Os sistemas de ERPs ajudam muito em certos momentos. O estágio da empresa é fundamental para escolher fazer esse investimento. Vai muito da detecção de cada gestor ou diretor financeiro de que naquele momento a empresa tem que realmente tomar essa decisão e estar claramente visível a importância de não criar um impeditivo para que a empresa cresça, ganhe escala e que isso acompanhe o seu crescimento.” André Gonçalves, CFO da iugu.
Para o CFO, no início, normalmente acaba sendo inviável, mas é preciso também analisar outros fatores. “Se ela está em um ambiente em que é demandada sob o aspecto regulatório de investidores e está passando por um crescimento acelerado, o ERP pode ser algo importante para melhorar a governança da empresa, dar escalabilidade e isso não se traduzir em problemas com clientes (porque está faturando errado), com acionistas (porque está reportando números que não condizem com a realidade da empresa ou levando muito tempo para apurar esses números e ter as explicações adequadas) e com o órgão regulador (quando há necessidade de reportar, seja para CVM (Comissão de Valores Mobiliários) ou Banco Central, informações para esses órgãos ou para acesso público)”, conclui Gonçalves.